Uma empresa de tabaco pode ser sustentável?

Trazer soluções para a redução da nocividade dos produtos de tabaco é o maior contributo que uma empresa líder na produção e comercialização de produtos de tabaco pode dar para a sustentabilidade.

Ao longo dos últimos anos muito se tem falado na responsabilidade social das empresas e no papel que estas desempenham na sociedade e junto das pessoas para as quais trabalham. Também a rápida transformação da realidade e dos contextos de negócio em que vivemos colocam às organizações a necessidade de se adaptarem. Se existe certamente esperança no futuro, esse sentimento é também acompanhado por muita incerteza e um sentido global de urgência que está a mudar as expectativas da sociedade face às empresas, enquanto responsáveis também pelo desenvolvimento sustentável do ambiente em que vivemos. Significa isto assumirmos o planeta e os recursos naturais como partes integrantes da nossa atividade, ajustando-a à sua proteção no presente e de olhos postos no futuro.

A sustentabilidade deve começar por uma análise desapaixonada do impacto que os produtos de uma empresa têm nos consumidores e na sociedade, e não é nenhum segredo que os cigarros fazem mal. Nesse sentido, se quisermos que uma empresa cuja atividade principal assenta na produção e comercialização de produtos de tabaco tenha o maior impacto positivo possível, o nosso modelo de negócio tem de evoluir.

E é isso que temos vindo a fazer desde 2016, transformando o nosso negócio no sentido da substituição dos cigarros por alternativas sem combustão. O nosso objetivo é convencer todos os fumadores, que, de outro modo, continuariam a fumar cigarros, a optar em alternativa por produtos sem combustão. Continuamos a alocar recursos da empresa para a concretização dessa ambição.

Queremos ser claros: as alternativas sem combustão não estão isentas de risco, e quem não quer correr riscos deve deixar de consumir produtos de tabaco ou nicotina. Mas as alternativas sem combustão são claramente melhores do que os cigarros convencionais para os fumadores adultos.

Se considerarmos a prevalência de muitos milhões de fumadores em todo o mundo, faz todo o sentido ter alternativas com o potencial de redução da nocividade. Hoje há uma série de entidades científicas independentes que confirmam que o principal problema está na combustão, e que se a retirarmos há uma redução significativa dos elementos tóxicos.

Trazer soluções para a redução da nocividade dos produtos de tabaco é o maior contributo que uma empresa líder na produção e comercialização de produtos de tabaco pode dar para a sustentabilidade.

À medida que progredimos em direção à construção de um futuro livre de fumo, constituem igualmente objetivos estratégicos a redução da nossa pegada ambiental e a gestão sustentável dos recursos naturais limitados do planeta, o respeito pelas pessoas na nossa cadeia de valor, bem assim como obtenção de excelência operacional.

A 20 de Maio celebrou-se o Dia Europeu do Mar e, ao contrário do que muitos possam pensar, cuidar dos oceanos e dos recursos marítimos e hídricos é uma responsabilidade de todos, incluindo das empresas.

A atividade a que nos dedicamos utiliza, como muitas outras, água na manufatura dos produtos que comercializamos, embora em menor grau que outras indústrias. Isso não significa, no entanto, que o nosso papel na proteção dos recursos hídricos seja menor.

Uma atitude responsável face ao uso sustentável da água não se reduz a medidas que assentem na poupança, é preciso agir como bons administradores da água, devolvendo-a à natureza tal como a recebemos, o que na Alliance for Water Stewardship (AWS) chamam de “comissários da água” (water stewards). Tal traduz-se na utilização da água de forma sustentável, tendo em conta também a bacia hidrográfica local e as necessidades da comunidade em redor, sem comprometer a excelência operacional, não esquecendo a proteção do mar e dos oceanos, sensibilizando também o público em geral e os utilizadores dos nossos produtos em particular do papel e responsabilidade que todos temos através da partilha de boas práticas ambientais e de uma ação conjunta neste domínio, nomeadamente realçando a importância do papel que podem desempenhar na proteção dos oceanos ao descartarem os filtros em locais de recolha apropriados.

A ambição neste sentido deve ser sempre atingir melhores resultados em termos de eficiência, conservação, reutilização e reciclagem da água. Procurar a certificação ambiental é por isso um objetivo que ultrapassa e muito a vontade de reconhecimento, sendo na verdade uma responsabilidade, um objetivo tão valioso e importante como qualquer outra certificação de qualidade no que ao produto comercializado diz respeito.

E se uma empresa líder na produção e comercialização de produtos de tabaco dedica década e meia de investimento em ciência e inovação rigorosas de forma a procurar criar produtos sem fumo, que acreditamos serem melhores do que os cigarros convencionais, declara prioritária a missão de gerir de forma sustentável um recurso tão valioso como a água, este desafio estará certamente ao alcance de muitos outros.

Quando nos perguntam se uma empresa de tabaco pode ser sustentável? A resposta é sem dúvida que sim.

O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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